terça-feira, 17 de julho de 2012

Sombra e folhas secas


Senti o amor que pulsava no meu peito tentar sair pela boca e gritar aos quatro cantos.
Até que a estaca me atravessou por dentro.. E..

T..
R.
..A.
V.
O..
..U..

Foi tão seco, no meio da goela, como num tricar de dentes
Que todo aquele sentimento barrou numa represa como em dia de enchente

Um olhar vago se apossou de mim..
Quer me tornar seca, dura, insensível

O nó se fecha, a barriga gela, o punho cerra, e a ferida aberta..
O silêncio doma, com muito custo, a ira insensata.

Se num descuido, fecho os olhos
E o amor fala mais alto
Evoca um ar de esperança
Deixando tudo vulnerável
Me ilude alguns segundos
Me habita, invade e alegra
Mas, de repente, dilacera
E traz à tona o inevitável

A realidade é o mal que trago
Dentro do peito um algo pulsa
Quero que eu pare, fique muda
Já que esse mal eu não apago

Quero fugir dos meus EUs... SE CALEM!
Não aguento mais
Quero paz
Quero
Pensar
Em
Nada...
Ser abstrata
Me proteger de tudo que em mim fala..

Cadê meus calos que não se tornam rígidos?

Quero um campo fresco de areia, uma sombra e folhas secas.