domingo, 13 de fevereiro de 2011

Lar, doce de lar

Chego em casa, um tanto cansada, e me ponho a olhar a caixa de e-mails. É um ato de rotina, mas a alegria de receber um texto gigante de uma pessoa a quem estimo demais me fez despertar mais que batida de café, coca-cola e guaraná.

Após o envio da resposta (escrita rápida e expontaneamente) ainda mantinha a euforia que se apossara do meu coração. Sento então diante de um cenário que me é tão comum mas nem sempre analisado:

à frente, a boa e velha tela do computador, amiga de todas as horas, que comigo enfrentou tempestades com rumos e intensidades diversos. Em segundo plano, os típicos "cacarecos" que costumam ficar na mesa, ponto de apoio dos que chegam da rua: agenda, celulares, bolsas..

O cenário de fundo é uma mescla de tribos: no sofá, colchas brancas de artesanato paraibano com almofadas de cobre e pontinhos brilhantes, mais parecendo indianas.
A tv de não sei quantas polegadas faz um contraponto com o som 3 em 1 (toca cd, toca fita e toca vinil), logo abaixo de uma imitação barata de lampião comprado no Casa Tudo.

Ainda na estante, um sincretismo total: uma réplica de A Pietá ao lado de imagens de santos e crucifixos diversos, que por sua vez, dividem espaço com uma pirâmide e um faraó egipcios. O relógio de Tutancamon é cercado por um presépio natalino, uma negra africana e outras miniaturas que sequer sei o significado. Completam ainda o cenário uma tartaruga e corujas (paixão da minha mãe).

Nas paredes, estudos plásticos da minha mãe, de formas, cores e volumes..um deles, três retângulos verticais dispostos lado a lado com um jogo de negativo e positivo baseado em formas curvas e retilíneas, variando em tons de branco e marrom. O outro, montagem de caixas em tamanhos e alturas diversas pintadas em cor prata, formando um jogo de reentrâncias e saliências que se traduzem em luz e sombra..

Ao lado..um abajur (que nunca funcionou como tal) feito pela minha mãe..trata-se de uma figura masculina de traços orientais, porém, pelos crespos...suas saídas de luz ocorrem por todos os orifícios: cabeça, olhos semi-fechados, ouvidos e boca.

Por fim, à minha direita, a estante que guarda fotos da família...a própria estante já conta muito de nossa história, pois foi por nós reformada durante a mudança de Bayeux, minha antiga cidade, para João Pessoa. Reflete o trabalho conjunto que tivemos nessa época..me faz lembrar da posição que ocupada na antiga casa, dando passagem para a despensa, onde eu subia as prateleiras escondida para encher a boca de cobertura de sorvete sabor chocolate!

Minha casa é o retrato de muitos retratos. Somos caras novas a cada dia, e todo novo encantamento é bem vindo para compor o cenário diário de nossas lembranças nem sempre tão nítidas.

É bom estar em casa!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Rondonista

Parece que o Rondon se molda de diferentes formas nas vidas dos que dele participam. Cada um possui um contexto, objetivos e expectativas quanto às atividades realizadas ao longo destes 15 dias.

Ser eleita para o projeto 2011 não estava entre meus planos, sobretudo considerando que me inscrevi a pedidos de uma colega que buscava companhia para a empreitada, mas acabou não sendo chamada.

Muitos outros fatores me levaram ao desânimo na prévia da viagem..problemas de natureza amorosa, familiar, .. sobrecarga de trabalhos e estudos, com o estopim de uma tendinite nos dois braços.

Pensei: "essa viagem não poderia ter vindo em pior hora.."

Engano meu, pois ao contrário de todos os meus prognósticos negativos, a viagem se abriu a mim como uma flor à primavera, regada com muita alegria e um nível satisfatório de conhecimentos trocados.

Amizades..nem sempre são duradouras. Mas a mim bastou a felicidade dos momentos vividos e a certeza de que ter estas pessoas ao meu lado foi um indubitável privilégio.

Nem tudo foram flores e, certamente, pedras marcaram o caminho, mas essa realidade foi ofuscada a cada olhar de satisfação, aperto de mão de gratidão e, principalmente, a cada sorriso das crianças que pelas ruas gritavam sempre ao passar: TIA!

Antes de tudo, inesquecível.

Mais que palavras

Falar de dentro, ameno
de certezas, alegrias ou tristezas
Com os olhos, boca, braços e abraços

Falar de lado, bater de frente
Soltar o que por dentro consome a gente

Transmitir energias desordenadas
transformá-las e traduzí-las
para que o abstrato que nos corre da veia à mente
se traduza concretamente

mesmo que em palavras vagas
a outros, aparentemente desconexas
que só diante de si mesmo
terá a dimensão correta.

Desafio do Silêncio

Desafio o que foge ao meu comum
Busco maneiras de quebrar a rotina
para liberar emoções sob novas formas.

Exploro assim outros sentimentos e visões
possibilitando que minha realidade mutante
faça uso de canais diversificados
para ser externada ao meu consciente