domingo, 2 de dezembro de 2012

Hóspede

A brisa leve
Toca meu rosto
Alisa a face
Se faz suave
Descansa o corpo

Não traz o cheiro
Só do passado
Mas de um futuro
Com ilusões
Entrelaçado

É uma saudade
Do que não vivi
traduz (eu acho)
o que eu quero
e o que já senti

Estas lembranças
Não são de fatos
Mas uma mescla
De ambições
Com meu passado

É como quando
A gente acorda
Só que o sonhar
Não se acaba
E ao invés de
O inconsciente
Nosso querer é
Que o embala

Então aqui no
Meio do nada
Aquieto o corpo
Respiro um pouco
E a mente fala

E o meu coração
Demonstra aos poucos
Suas vontades
As mais gritantes:
Quer voltar aqui
Mui brevemente
Te ter comigo
Não só na mente

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O causo nosso de cada dia: A VELHINHA DO JOIO

Eis que venço minha maratona diária de caminha até a parada de ônibus: 800m contados pelo Google Earth, já que o bancários (única linha que passa num ponto mais próximo) é extremamente demorado, tanto pra chegar quanto para sair do bairro.

Sol a pino de quase meio-dia, não vejo a hora de fechar meu guarda-chuva (que, na verdade, uso com guarda-sol) e
esperar no abrigo da parada meu ônibus chegar, curtindo a sombra e o vento enquanto meu corpo diminui o ritmo da marcha.

Vi um ônibus passar, mas só tive o tempo de identificar a empresa. Achei melhor mesmo não saber qual a linha, pois não teria tempo de pegá-lo, e correr o risco de me chatear por saber que era um dos que me serviria, era desnecessário!

Nessa hora, uma menina vinha em sentido contrário, e ao passar por mim, pareceu franzir a testa ao olhar para trás, aparentemente tendo contato visual com uma senhorinha que fazia cara feia.

Me aproximando do ponto, fui tentando decifrar o que houve entre aquelas duas desconhecidas, totalmente alheias a mim, mas cuja rispidez (talvez) mútua despertara minha curiosidade.

Comecei a fechar, vagarosamente, minha sombra móvel, quando vi a senhora se dirigir a um rapaz que se encontrava no abrigo, fazendo sinais em direção à menina que outrora havia passado, gesticulando com a cara, mãos, e cosmos, por certo, tamanha era a indignação.

Chegando finalmente perto, escutei do quê se tratava: como pode? Eu perguntei àquela menina qual era aquele ônibus que passou e ela disse que não sabia. COMO PODE NÃO SABER, SE ELA DESCEU DELE??!
No mesmo instante, pensei em hipóteses, afinal, o que ganharia aquela menina que não tinha cara de rebelde em omitir uma informação dessas?
Como se tratava de uma parada na principal dos bancários, pensei que ela poderia estar em mangabeira e ter subido no primeiro ônibus que lhe apareceu, já que desceu no corredor viário quase que obrigatório dos busões que vêm de lá e se destinam ao centro..

Mas a velhinha, por certo, não pensou nisso.. preferiu julgá-la..
Pensei em intervir, mas fiquei envergonhada de parecer estar corrigindo uma pessoa mais velha que eu. Segui escutando:

É assim mesmo.. o povo diz que o mundo é ruim, mas o mundo é bom! Só que está cheio de gente ruim como essa..

Aquilo me corroeu! Como pode alguém fazer discurso tão fervoroso por tão pouco?!

E continuou:

É bíblico: o trigo tem que nascer junto com o joio.. é isso mesmo..

Sim, minha senhorinha (pensei eu): hoje a senhora me deu o prazer de sentir pelos ouvidos o gosto do joio.. que Deus (todos eles) te abençoe!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Orquestra

Eis que sinto, sem demora
uma ânsia me devora
é latente, o peito ardente
vem, me deixa sorridente
faz de mim feliz agora

Minha mente perturbada
vira e mexe fica alada
e no meu sonho de balão
toca minh'alma e o coração
numa orquestra musicada.

Então vêm os pensamentos
livres, soltos, a contento
tomam forma em letras belas
Tom Jobim fez parte delas
com sensível encantamento

Quase instantaneamente
se perpassam lentamente
frases soltas que me inspiram
vêm à tona, não hesitam
se apossam da minha mente

Num fuxico, poesias
no meu sonho, voltarias
enquanto isso vejo a luz
da esperança que reluz
o amor das alegrias


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Vem um dia e acorda você


Um belo certo dia você acorda e vê:
Que nem sempre pensamento positivo é suficiente.
Que errar é humano, mas permanecer no erro é, realmente, burrice.
Que ser forte significa estar forte, pois não é possível permanecer assim o tempo todo.
Que há pessoas pelas quais vale a pena lutar, mas que talvez o lugar delas na nossa vida seja outro que não o que imaginávamos.
Que sofrer dói, mas que pior é protelar a hora de ser feliz.
Que se não crescermos, ficamos pra trás.
Que amar... é um verbo/ação/estado concreto do abstrato/conceito que nunca saberemos, de fato, entender traduzir.
Que viver é uma eterna escola, e não adianta “filar” na prova, porque os desafios são personalizados.
Que ninguém, além de nós, sabe o quão complexo é o mundo que se (re)constrói em nosso coração.
Que nosso coração não nasceu pra ser leve, mas que podemos devemos adestrá-lo.
Que verdadeiramente sábio é aquele que sabe ser feliz.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sombra e folhas secas


Senti o amor que pulsava no meu peito tentar sair pela boca e gritar aos quatro cantos.
Até que a estaca me atravessou por dentro.. E..

T..
R.
..A.
V.
O..
..U..

Foi tão seco, no meio da goela, como num tricar de dentes
Que todo aquele sentimento barrou numa represa como em dia de enchente

Um olhar vago se apossou de mim..
Quer me tornar seca, dura, insensível

O nó se fecha, a barriga gela, o punho cerra, e a ferida aberta..
O silêncio doma, com muito custo, a ira insensata.

Se num descuido, fecho os olhos
E o amor fala mais alto
Evoca um ar de esperança
Deixando tudo vulnerável
Me ilude alguns segundos
Me habita, invade e alegra
Mas, de repente, dilacera
E traz à tona o inevitável

A realidade é o mal que trago
Dentro do peito um algo pulsa
Quero que eu pare, fique muda
Já que esse mal eu não apago

Quero fugir dos meus EUs... SE CALEM!
Não aguento mais
Quero paz
Quero
Pensar
Em
Nada...
Ser abstrata
Me proteger de tudo que em mim fala..

Cadê meus calos que não se tornam rígidos?

Quero um campo fresco de areia, uma sombra e folhas secas.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sempre SIM; às vezes NÃO; nunca SE

Os planejadores que me desculpem
mas vivo do hoje, do agora, do palpável.

Quero o que sinto, não o que poderia sentir
Gosto do SIM ou do NÃO..que seja
qualquer um é melhor que o SE

Portas entreabertas não chovem, não molham

Disse e repito..não só de pão vive o homem...tampouco apenas de promessas.

De quê adianta idealizar tanto se quando à luz da oportunidade se faz pó a concretude de ações?


Quando foi preciso, arrisquei, ousei, me reinventei e assumi as delícias e as tristezas de ser quem eu sou.
Fui justa, comigo e com quem me cercou.

Se ao decidir regressar para o barco de onde parti não encontrei a estabilidade
Não cabe a mim adentrá-lo agora.


Voltarei a pegar jacaré, mesmo que na lagoa
A ver se a calmaria chega antes de eu alcançar o outro lado da margem...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Diagnóstico

Pensativa..

..sinais (sintomas) negativos da minha paixonite.
Estágio: aguda!
Remédio: repouso..
é difícil imaginar essa transição de quadros que devo passar... regredir o processo de inflamação sem gerar efeitos colaterais mais danosos.

Consequência positiva: aumento gradativo das minhas defesas. Positiva?

Talvez só me falte mesmo tempo para "realinhar as órbitas dos planetas"


(...)


Engraçado como me comporto de maneira tão oposta a respeito da saúde física e da emocional:

enquanto que para a primeira prefiro o método da prevenção, na segunda abomino as doses homeopáticas, aderindo aos remédios - mesmo os de dosagem mais forte - para não deixar de me expor intensamente aos fatores que me atingem profundamente.

70% cacau

É difícil ter que digerir algo que não se pode reclamar.. simplesmente não tenho direito.

Mas isso não retira minha decepção...típica, uma vez que sempre deposito expectativas nas pessoas às quais me afeiçoo e para as quais me dedico, me entrego.

É bem típico eu achar que elas deveriam fazer por mim o que faço por elas, e, por vezes, até esperar que o façam no momento  que julgo certo, pois ao menor sinal de que passei para segundo plano (mesmo quando merecido) me sinto mal... Chega a virar dor.. passageira, mas dor.

Fecho os olhos e depuro o sabor amargo...

Vejo e revejo o ocorrido, questiono o óbvio e, quando outras interpretações (mais amenas) me surgem, nem sempre justificam ou revertem a frustração.

São mais que baldes de água fria, são choques, de realidade.

Já havia recebido um, há algum tempo, quando um certo alguém julgou necessário. Agora, propositalmente ou não, mergulho em mais um sinal: CUIDADO!

Não se ilude..não avance ou, ao menos, espere até tomar ciência do teu lugar.

E se já o fez, aceita... foi você que escolheu trilhar este caminho.


Já era hora de acordar do sonho e voltar ao mundo real.

Mãe

Com o passar dos anos aprendemos a reconhecer, sempre mais, o valor de uma mãe na nossa vida.

Gratidão é o que sentimos por quem nos colocou nesse mundo louco, e que nele se sacrificou para nos dar um lar, comida e saúde para nos manter vivos.

Mas o amor, este nutrimos por quem nos cuida, que nos educa e nos prepara para sermos mais que sobreviventes: para sermos pessoas melhores.

Mãe, te admiro por despertar em mim o amor e a gratidão que me fazem ter orgulho e sentir felicidade de ser sua filha.

Novos ares

Cansada, dor no ombro que vai e vem, tensão no pescoço, sono grande... aliás, GIGANTE. Só não é maior que a paz que estou exalando, uma felicidade radiante que sai de mim involuntariamente. Vez por outra me escapa aquele sorriso bobo... como é bom!

Sinto vontade de respirar fundo, como se essa felicidade estivesse concentrada no meu peito em forma de cápsula, de maneira que o ar, ao por ela passar, carregasse partículas de momentos vividos, e me relembrasse os acontecimentos que me levaram a esse estado de "embriaguez paixonítica".

Ao receber a ligação mais esperada do dia, se forma um "micro-clima" dentro daquele universo estranho, embora cotidiano..

Me fechei no meu mundo, no meu oasis, no meu aconchego dos sentimentos erupcionados.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Bonito-PE

Na gélida corrente que passava
senti um frio de arrepio, a pele ouriçada
Ao som da natureza e com o frio que cala

Emergi meu corpo nesse leito
desse jeito
o meu peito
no leito
aproveito

Quero calma
para a alma
vou na valsa

Na água negra
um véu de seda
brilha à luz acesa

Penso
nado
faço caso
lembro cada fato

Me aperta o coração...
sinto a vibração

Com os ouvidos submersos
ouço carros
faço versos

Apenas mais..e sempre mais
Sinto e vejo que me entrego.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A primeira dança

Aquela não era, desde o início, pra ser uma dança qualquer.
A música embalou antes mesmo que alguma das partes se desse conta.
Envolveu, seduziu e conduziu ao inesperado.
A faísca tímida da intenção, ainda subconsciente, era lançada como dardos a 20 metros de distância do alvo, ainda sem metas ou dimensão do seu alcance...


Mas converteu-se em munição pesada
e a sinfonia tomou nova cara
deixando de lado o despropositado bolero
para vestir a atitude do tango, que tempero.
E no sabor do novo ritmo
Outro olhar, sereno e íntimo
Como em todo espetáculo vivido, intenso e sentido
Outros elementos integram a trama e formam o drama;
mas também trazem o perigo que provoca, acende a chama.
E esse contexto eleva ao clima
Atitude instintiva e impulsiva
O tango abre espaço e o Zouk se aproxima.
Tão alucinante e sensual, que embaça a vista.
Armadilha que nos prende à pista, sutil ironia:
Abriu novas portas justo quando impediu a saída.
Voyers com suas sirenes, beirando a fresta
Tanto olharam e intimidaram que acabaram a nossa festa.
Só que o fim daquela dança não haveria de ser Adeus,
Mas um breve até logo de quem por dentro ardeu.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Surrealité

Palavras soltas, visões sem foco
paro e reparo..

Afinal, olho o nada..e não é tarefa fácil!
Concentrar em um ponto neutro, transformar o que é fundo em figura..embaçar vista e sentir os olhos movendo-se para algum lugar desconhecido dentro do turbilhão que se forma na minha frente..ou dentro de mim?!

Um quê da psicose vista em "Mente brilhante", mas não de teor genial..
Uma espécie de fuga dos elementos lidos tão claramente na rotina..
Uma busca do não ver..do não raciocinar

Simplesmente se entregar ao abastrair.

abs trair
a b str a ir

Afinal...pra quê seguir a regra sempre?

Para ver bem, é preciso fechar os olhos por alguns segundos..

Se nos colocamos no escuro, repentinamente, precisamos nos cegar ainda mais pra ver o que parecia completo breu tomar forma pouco a pouco..


É esse "ajustar" dos olhos que me leva ao pensar em nada...e me calibra a mente exatamente quando pareço estar delirando!


Em pensar que tudo isso teve  base na minha oitava série..

René Magritte, esse é o cara que me levou ao encantamento da arte surrealista.


Querendo ganhar uns trocados, aceitei fazer uma resumo de um livro sobre ele, para alguém que cursara Artes Plásticas na universidade.

Aquele linguajar me parecia algo complicado, mas as imagens...ah...me encantavam..

Então me vi dentro daquela lógica de coisas incrível e lindamente ilógicas..

Sonho e realidade justapostas em um plano de cores e formas que inquietam, mas alegram

Irreverentes situações, contrastantes, ou não?!


Arte e vida...atrevida!

Aqui, ontem, macarrão?!

Agora entendo as brincadeiras do meu pai:

"- que horas são?
- pesa 3 kg
-deve ser porque é flexível
-e se não fosse fruto do mar?
-óbvio, é naftalina"

Como é bom divagar nas águas de Dalí antes de voltar a atracar no meu cotidiano tão normal..

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pingos de humanidade

Uns pingos..

espera, são pingos?

De fato! Ainda tímidos, mas já se lançando ao parabrisas. Anunciava uma chuva indecisa, daquelas que não sabem se vão ou se ficam, se derretem ou carregam sozinhas o peso que incorporam.

Olhos atentos, já que carros altos à frente limitam a visão.

Cadê? Será?
Sim, sim!! Há pedestres esperando alguém parar para então avançar.

Nossa, que alegria boba, mas verdadeira a que sinto de um gesto tão pequeno.


Com os transeuntes, prioridade total. Mas os carros...ah, motos...quase pragas que dominaram o espaço viário.
Não têm o meu respeito aqueles que não sabem ser humildes e esperar a vez ou o favor.


Mas um, hoje, foi especial. Parecia ter se perdido, ou mudado de rota subtamente. Então avançou a primeira, a segunda faixa.. até que resolvi lhe ceder o espaço à minha frente. Uma buzinada de agradecimento e meu sorriso instantâneo!

Após a conversão, semáforo fechado. Então paro e penso no ocorrido, em como seria saudável um trânsito com mais motoristas exemplares como aquele diante de mim.

Meus pensamentos foram longe...

foram,
interrompidos

Sirene?
Pelo retrovisor confirmo: sirene! Ambulância..
Rápido, liberar o espaço central.

Juntei meu carro o máximo que pude do meio fio super alto do canteiro central, e medi a distância do carro ao lado, para me certificar que seria o suficiente para a passagem do veículo com prioridade.

Então sinto como uma imagem cinematográfica, que surpreendentemente me pulsou mais forte o peito:

Quase em sincronia, os carros todos, populares, importados, limpos ou sujos, de motoristas educados ou imprudentes...todos abrindo passagem para aquele que transportava alguma vida em risco.

Pingos..

Sério?
Sim..Pingos que se desprenderam timidamente dos meus olhos..

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sinto, Tenho, Dor e amor

Sinto em mim de um tudo
me revolto com facilidade, perco a paciência, queimo meu pavil curto

me apaixono pelas possibilidades, me envolvo com ansiedade, me debruço


Tenho em mim de um tudo

amor, carinho, doação
rancor, exigência, frustração


Ilusão, por quê andas comigo de mão?

Para bem ou para mal, me etrego aos mares paixão e aos rios de lágrimas
me arrisco
Fazer o quê?!
É meu vício!


Cultivo minha plantação com a dedicação de um agricultor
Mas se preciso for
Adentro na mata como um caçador



Em busca de uma dor..

Uma? Não, de quantas for...


Para satisfazer a minha carência de amor.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Trabalho

O trabalho dignifica o homem, mas só liberta quando nele se pode/consegue pensar além das barreiras da produção e das metas; quando se usufrui do objetivo e do subjetivo, concomitantemente..