Boca

Por que me vontade dá?

Dá Vontade da boca

Boca da garrafa

Garrafa da "azuzinha"

"Azuzinha" ou outra qualquer

Qualquer que seja a boca

boca minha nela vai

Vai sentir o prazer do gesto

Gesto de simular o toque

Toque de outro alguém

Alguém que tivesse vendo

Vendo que quer ser a boca

Boca que quer a boca no lugar de outra

Outra boca

Não diga que me ama

Quando se ama alguém

Não se ama só uma parte

Se quer todo, não metade

Não se ama só de um jeito

Nesse ou noutro contexto

Quando se ama alguém

Só se ama por completo

Estando longe ou estando perto

Só se ama de verdade

Se há mais do que saudade

Quando se ama alguém

Se quer mais que o intenso

Tem valor o carinho imenso

Se quer mais que imediato

Investe-se no planejado

Quando se ama alguém

Não se cogita arriscar

Do amor um dia abdicar

Não se joga à própria sorte

Um amor que foi (?) [talvez] forte

Partir turas da vida

Assim é a vida..

Já tive instrumentos que mais toquei do que por eles fui tocada
Ou mesmo que saboreei, mas com o tempo ficaram tão gastos..


Por outro lado..

Já cantei músicas que pensei terem nascido para soarem em minha boca
Mas a limitação dos meus tons não lhes eram suficientes para que parecessem completas


Então sigo..

Nessa busca pela musicalidade que me cabe
Volto para a estrada a procurar um novo ritmo, outra batida
A harmonia que a vida [quiçá] me reserva

Toma o que é teu

Se você merece, te dou meu melhor
Me esforço e desdobro, já vistes, já sabes
Mas se o contrário constato, com dó
Me rasgo, mas do pedestal te arranco
Pois sem tua entrega de mais nada vales
Mesmo que no peito eu siga te amando

Desabafos II

Resolvi dar a você o respiro que parecia ser necessário para que não surtasse só de falar comigo.

Resolvi dar a você um tempo para pensar e ver se sou uma tampa justa ou incompatível com sua panela.

Resolvi dar a mim o direito de, por raridade, deixar meu amor próprio falar mais alto.

Resolvi, desta vez, não resolver nada à luz da cegueira que a tristeza e a desilusão me causam..


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Eu hoje decidi, baby. Não te escrevo mais.
Escrevo para quem de fato devo satisfação do meu temor e do meu desejo:
Eu mesma, e quem mais?!

Desabafos I

Eu, com minha agonia

De tentar te fazer me olhar

Com os mesmos olhos que te via

Criei em ti uma imagem que não me pertencia

Não por não ter os méritos que a mim cabia

Mas porque a maior parte dos meus defeitos omitia

Talvez tanto esforço

Pra que o encantamento fosse recíproco

E uma chance a mim fosse dada

Tenha gerado uma espécie de ofuscamento

Às linhas mais negras, pesadas

E tensas que desenham minh'alma

Não sou, agora vês, de tão fácil convívio

Mas se ainda queres desvendar-me

Te decifro os códigos que acessam o melhor de mim

Para que ele compense o que possa haver de ruim

Entre farpas e afagos

Incrível ainda me parece
Quanto SEMPRE me entorpece
Esse nosso beijo louco

Não importa quanto espinho
Tenhamo-nos, em desaninho
Por rosas cuspido fogo

Minha raiva até esquece
Que existiu, logo padece
Ante as curvas do teu corpo

Mesmo se o brio for atingido
E o orgulho for ferido
Cedo ao verte olho a olho

Então pergunto
Não vês tu,
Também o mesmo?
Talvez devêssemos..

Mais rever, do que temer
Mais sentir do que fugir
E finalmente entender

Usamos armas na luta ao longe
Pois na batalha, corpo a corpo
Impulsiva e intensamente
Serei sempre tua amante