Puxando da memória as deliciosas lembranças que compõem minha infância, tenho um carinho especial pelas grandes viagens que fazíamos à terra natal de meu pai, Minas Gerais.
É chão! Como diz o matuto!
É tempo suficiente para estreitar ainda mais os laços daqueles que formavam a Caravana dos Oliveiras.
Se hoje ainda há quem reclame bastante das estradas, naquele tempo então! Quando você pegava um caminhão à frente, tinha que ter paciência e controle do carro para aproveitar a única oportunidade que lhe aparecesse de ultrapassá-lo.
Mesmo com ótimos motoristas (e meu pai, diga-se de passagem, praticamente é um piloto) a viagem sempre tardava bastante, dada a distância considerável da nossa meta (cerca de 1.800 km)
Pra nós, a criançada, eram férias ambulantes!
Éramos muitos pirralhos: 2 + 3 + 5 = 10!
Viajávamos todos os anos, nas férias de julho, já que no fim do ano eram os familiares mineiros que vinham aproveitar nossas praias. Então, meu pai, que sempre foi o mais animado da família, era o regente que mantínha-nos sempre motivados com tão cansativo deslocamento.
Tudo começava antes da viagem: organizar os preparativos! Bolávamos como seria a disposição dos colchões (tínhamos caminhonetas fechadas) para o CLUBE DA BAGUNÇA! Imaginávamos onde ficariam os brinquedos, e até projetamos uma mesa para o baralho.
Então, perto da viagem meu pai sempre nos animava, dizendo que já estava chegando a hora, e contávamos os dias pra estrear o nosso espaço personalizado móvel.
O caminho sempre começava de madrugada, para nos aproveitar dormindo, assim enjoávamos menos no carro. Ao acordar, ainda sonolentos, já sentíamos a adrenalina de termos iniciado o passeio. O almoço, era uma farra!! Pra mim, o melhor do ano: frango com farofa e refrigerante! Como nossa alimentação era rigorosa todo o ano, não havia problema fugir à dieta 2 dias! Então, poupávamos tempo e dinheiro na estrada, e os adultos faziam, com isso, a alegria da criançada.
Minhas tias e minha avó são ótimas contadoras de história, além de conhecedoras de quase tudo que sei. Então, ficávamos vidrados escutando cada coisa dita, perguntando mais detalhes e, na primeira oportunidade, colocando em prática o que havíamos aprendido.
Quando o papo acabava, restava à criatividade do meu pai contar piadas e nos fazer desafios, e quando o repertório já não dava conta, partíamos para a disputa mais simples, porém, mais empolgante da viagem: cada um escolhia um número de 0 a 9...quem tivesse escolhido o número que mais aparecia na placa dos carros (o último da sequência de 4 dígitos), ganhava! Qual era o prêmio?! Nenhum! A diversão já fazia de todos campeões!
Quando fomos crescendo, já não sentiam tanta necessidade de nos entreter. Então, comecei a achar meus próprios passatempos. Como nunca consegui ler em movimento, passei a fazer leituras de paisagens, e, penso eu, ter sido esse o motivo de eu gostar tanto de fotografar paisagens hoje em dia. Outra coisa típica minha, porém, mais estranha era escolher uma sujeira do parabrisas e, através de movimentos com minha cabeça, eu a desviava dos "obstáculos da pista". O mais comum era fazer zig-zaz com as faixas descontínuas pintadas no rolamento!
Também desenvolvi minha capacidade de observação..e dessa maneira, comecei a reparar como meu pai dirigia: q movimentos fazia, quais eram os sons, em quais momentos trocava a marcha...e fui pegando gosto pela coisa. Adorava fazer mil perguntas a meus pais, e eles respondiam sempre orgulhosos do meu interesse.
Mas, o que mais gravo em tudo isso, era a nossa chegada: sempre tão festejada! Primos abraçando uns aos outros, tios dando a bênção, a alegria estampada na feição de todos, e o sentimento que todo aquele sacrifício, já no primeiro momento: valeu à pena!
Agradeço a meus pais, tios e tias, por essas lembranças!
Fernanda....incrivel como suas aventurarm se misturaram com as minhas...uma pequena troca da kombi para uma caminhonete,asc rianças colocadas de forma a não enjoarem,brinquedos,lanches,histórias....realmente uma mistura de nossas experiencias e,também cruzo com a cabeça as faixas amarelas no centro das pistas...observo as matas e, além das histórias que contava,costumava puxar uma cantoria que animava a criançada.....que coisa né?Isso prova que famílias desfrutam do mesmo amor,carinho e oportunidades.Sabe,vc escreve de uma forma muito interessante,deveria se dedicar mais porque vai longe........Adorei sua aventura muito mais porque parece parte da minha como vc disse um dia rsrsrs...obrigada por compartilhar e tenha um lindo final de semana.beijokas
ResponderExcluirVocê tem sido uma grande companheira de escrita, Eva! De fato, gosto muito de escrever, e por vezes adoto até por necessidade essa atividade. Se tiver indicação de algum material que você me recomenda ler para melhoramentos, agradeço e adoto! Beijocas!!
ResponderExcluirFernanda,
ResponderExcluirVocê descreve esta aventura de forma tão fluida que nos faz viajar com vocês...
bjo procê
Mais que nas minhas palavras, o mérito está em você, por sua sensibilidade de se deixar envolver, Lufe. Agradeço o post!
ResponderExcluir