sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pensamentos de lareira


Lareira, chocolate quente e um cobertor.
Filme clássico no momento exato.
Alegria tanta que chega a virar dor.

O mundo
aquele mundo
naquele instante
não tão distante
 amor flamejante de dois amantes.

Camuflagem poética. Ilusória mas real, tão palpável e tão certa, mas nas metas se faz pó.

Como pode ser tão grande, mas não caber na pequenez dos meus planos?

Se o futuro não nos aguarda
se afasta e me apaga.

Nosso universo é paralelo
É belo
Um flagelo
Nadando só contra a corrente
Descrente
Clemente

Mas bonito e infinito
Embora finito
E aflito
Omito
O mito..

Quer avançar por águas desconhecidas
Já não duvidas
Então não me atinjas

Me libera, me supera, me espera?

Me confia
O que foi nosso um dia
Carregarei por toda a vida.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A vida...Como ela é (?)

A vida me consome..
ou sou eu que consumo a vida?

CORRERIA, CORRER IA, CORRER...RIA!


A vida é o que fazemos dela..

O que me falta, ah...se me falta..

é tentar manter o equilíbrio entre me misturar ao mundo de todos e continuar (re)conhecendo o meu.

É viver o real e o ilusório concomitantemente...um pé no abstrato, o outro no concreto.

Não vejo como algo contraditório, mas sim, complementar.


E então..ser eu mesma em plenitude..

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sons

música
pulse A

use-a
única
lúdica

fulmina
ilumina
ANIMA!

Mudar o mundo

Uma das frases musicadas que mais me marcou em tempos colegiais veio de Gabriel, o Pensador, e diz assim:


" A gente muda o mundo na mudança da mente"

Acredito completamente na força e necessidade dessa colocação, e vivo nas minhas inquietudes diferentes vidas imaginárias, nas quais sou jornalista, advogada, sou política e publicitária, assumo várias caras e formas pra tentar "resolver", ao menos em minha mente ingênua regada à boa vontade, parte das injustiças e entraves dos cenários deficientes que assimilo ao longo da minha humilde experiência de mundo.

No que eu me propuser a trabalhar, hei sim de colocar o meu suor e ousadia, buscar idéias, questionar, quebrar a cabeça - ou seria a cara?! Há um universo complexo se (re)formando à minha volta e em mim, e sinto uma ganância: a troca, aplicação e ampliação de conhecimento..devolver à sociedade o que ela me proporcionou em estudos; buscar amenizar hoje as falhas que terão proporções colossais no futuro; ou, simplesmente, saciar minha sede de resolução de problemas, dos mais úteis aos mais dispensáveis.

Escuto, então, outro tipo de comentário que tende a desanimar: "Ah, essa daí ainda está na fase de querer mudar o mundo; ainda tem muito o que aprender na vida" Ora, quer dizer que quando se "amadurece" obrigatoriamente significa não manter mais essa postura de mudança?

É fato que a vida nos dá rasteiras que, com o passar dos anos, nos fazem perder o estímulo para continuar lutando. É também evidente nos imaginar, em muitos casos, como na história do passarinho que, só com a água do seu bico, tenta (em vão) apagar sozinho o fogo da floresta. Respeito os que por desventura tenham perdido esse espírito revolucionário por decorrência das respostas negativas que obtiveram, mas critico abertamente os que consideram querer MUDAR O MUNDO um sinônimo de ingenuidade.

Pode que a pouca experiência seja fator de peso quanto a idealizar situações que tão cedo não seriam resolvidas, mas acreditar que NADA É IMPOSSÍVEL é a base para a MUDANÇA DA MENTE proposta pelo artista, seja qual for o âmbito no qual ocorra.

E hoje o que mais quero é me policiar para não me deixar abalar ao longo da minha trajetória daqui por diante, pois todos estamos fadados a problemas, mas só os que conseguem fazer dos obstáculos degraus para subir mais alto é que poderão fazer com que as coisas sejam, ao menos, diferentes no amanhã.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Traição

Uma coisa aprendi a dizer na vida: NUNCA DIGA NUNCA.

E com isso, já mudei diversas vezes de opinião sobre os mais variados assuntos.

Um deles, certamente, é a questão da traição. Afinal, até que ponto se perdoa uma? Quando ela se torna maior que o amor, ou mesmo, menor que outros defeitos? Que tipos existe? Quando se "justifica"?

Aprendi que a vida, como diz o bordão, "é uma caixinha de surpresas", e pode nos colocar em situações inesperadas, e por isso, nossa reação (não planejada) nos surpreende.

A pirralha que fui, quando ainda nem sabia o que era amar um parceiro, já se impunha com unhas e dentes. Não seguindo o Código de Hamurabi, pois nesse assunto não me via capaz de descontar na mesma moeda, mas sim com uma postura rígida, inflexível, de "confiança só se perde uma vez".

Então espalhava em rodas de "Luluzinhas" que comigo era assim: deu motivo, acabo sem volta.


Começando a escutar pessoas mais velhas (e machistas) ouvia dizer que uma mulher deveria ser mais amena, e considerar que todo homem tem "suas necessidades". Logo, era compreensível que um cara cedesse às vontades da carne (que é fraca), mas o mesmo não se aplicaria às mulheres, pois seriam mal vistas.

Ora...se o homem tem necessidades (predominantemente) carnais, que por vezes não são totalmente saciadas, a mulher também pode sentir falta, se não sexualmente, sentimentalmente. Isto dá a ela o "direito" de trair seu companheiro?


O tempo foi passando e experimentei uma nova fase de questionamentos sobre o assunto: "errar é humano, perdoar é divino". Via em filmes e outras modalidades de dramaturgia que mais valia o homem ou a mulher que traia mas continuava a dar amor ao parceiro, do que aquele(a) que não traía, mas destratava. Me impressionava a capacidade que via de se perdoar, e me perguntava se eu seria capaz disso um dia em nome de manter um grande amor.

O que percebi, com exemplos da ficção e da vida real, foi que as pessoas que traiam os parceiros que diziam amar sempre tinham um motivo que parecia querer fazer do seu erro menor: Uma oportunidade única em uma viagem, um dia de bebedeira, uma fase saturada no relacionamento, ou simplesmente, a pura insatisfação de estar com uma só pessoa, "justificariam" a traição, desde que fosse devidamente escondida (em "respeito") e que se compensasse depois com muito carinho e atenção.

Isso porque mesmo para os que traem, se o relacionamento é duradouro, e a pessoa sabe que quer aquele par para toda a vida, não quer abrir mão de continuar junto, mesmo que esteja desrespeitando o parceiro.


Pois bem..não me ponho a favor ou contra monogamia ou poligamia. Não vejo essa situação como algo imposto (obrigatoriamente) pela sociedade. O que pra mim deveria ser escancarado é: faça apenas o que você aceitaria que seu parceiro fizesse também. Já vi quem trai mas não perdoa traição..como pode tanta hipocrisia?!!!

Nosso lado egoísta nos faz pensar que, como a vida é uma só, temos que aproveitá-la ao máximo. Há quem o faça se relacionando com várias pessoas ao mesmo tempo. Há quem não seja adepto disso, mas que vive constantemente em busca de uma pessoa melhor, até quando já encontrou uma boa. E quando nos damos a oportunidade de conhecer/relacionarmo-nos com outras pessoas, mesmo que se esteja buscando saciar algo passageiro, há sempre o risco de se envolver a ponto de não querer mais o relacionamento no qual se está; e a parte traída fica em desvantagem. Isso é justo?!

Não acho que a posição sobre traição deveria ser inflexível, mas parece que se perdeu o senso, o limite, a noção de respeito e dignidade. Talvez isso seja reflexo da eterna insatisfação do homem (no sentido mais amplo), agravada por essa cultura individualista que nos permeia.

Posso estar errada, ingênua...assim como posso amanhã ser a que pula a cerca. Mas algo daquela menina ainda grita em mim..não através da revolta, do NUNCA; mas da busca pela consciência tranquila, almejando igualmente o equilíbrio entre traição e perdão.

sábado, 3 de setembro de 2011

Como te vejo

seus olhos, seu toque
seu molde
me envolve...

e me abraça
me afaga, me cala
e me basta..

se faz presente
na voz, telepaticamente
me prende..

seduz, me conduz
ao seu sorriso que reluz
e faz jus...

seu ser por mim idealizado
amado, idolatrado
enraizado...

nas palavras que emergem
volta e meia, me perseguem
te elegem...

fonte de inspiração
ao coração, à razão
penso então..

se não és quem eu penso
me basta o alento
de o seres em meu pensamento.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Memórias Gerais

Puxando da memória as deliciosas lembranças que compõem minha infância, tenho um carinho especial pelas grandes viagens que fazíamos à terra natal de meu pai, Minas Gerais.

É chão! Como diz o matuto!

É tempo suficiente para estreitar ainda mais os laços daqueles que formavam a Caravana dos Oliveiras.

Se hoje ainda há quem reclame bastante das estradas, naquele tempo então! Quando você pegava um caminhão à frente, tinha que ter paciência e controle do carro para aproveitar a única oportunidade que lhe aparecesse de ultrapassá-lo.

Mesmo com ótimos motoristas (e meu pai, diga-se de passagem, praticamente é um piloto) a viagem sempre tardava bastante, dada a distância considerável da nossa meta (cerca de 1.800 km)

Pra nós, a criançada, eram férias ambulantes!

Éramos muitos pirralhos: 2 + 3 + 5 = 10!

Viajávamos todos os anos, nas férias de julho, já que no fim do ano eram os familiares mineiros que vinham aproveitar nossas praias. Então, meu pai, que sempre foi o mais animado da família, era o regente que mantínha-nos sempre motivados com tão cansativo deslocamento.

Tudo começava antes da viagem: organizar os preparativos! Bolávamos como seria a disposição dos colchões (tínhamos caminhonetas fechadas) para o CLUBE DA BAGUNÇA! Imaginávamos onde ficariam os brinquedos, e até projetamos uma mesa para o baralho.
Então, perto da viagem meu pai sempre nos animava, dizendo que já estava chegando a hora, e contávamos os dias pra estrear o nosso espaço personalizado móvel.

O caminho sempre começava de madrugada, para nos aproveitar dormindo, assim enjoávamos menos no carro. Ao acordar, ainda sonolentos, já sentíamos a adrenalina de termos iniciado o passeio. O almoço, era uma farra!! Pra mim, o melhor do ano: frango com farofa e refrigerante! Como nossa alimentação era rigorosa todo o ano, não havia problema fugir à dieta 2 dias! Então, poupávamos tempo e dinheiro na estrada, e os adultos faziam, com isso, a alegria da criançada.

Minhas tias e minha avó são ótimas contadoras de história, além de conhecedoras de quase tudo que sei. Então, ficávamos vidrados escutando cada coisa dita, perguntando mais detalhes e, na primeira oportunidade, colocando em prática o que havíamos aprendido.

Quando o papo acabava, restava à criatividade do meu pai contar piadas e nos fazer desafios, e quando o repertório já não dava conta, partíamos para a disputa mais simples, porém, mais empolgante da viagem: cada um escolhia um número de 0 a 9...quem tivesse escolhido o número que mais aparecia na placa dos carros (o último da sequência de 4 dígitos), ganhava! Qual era o prêmio?! Nenhum! A diversão já fazia de todos campeões!

Quando fomos crescendo, já não sentiam tanta necessidade de nos entreter. Então, comecei a achar meus próprios passatempos. Como nunca consegui ler em movimento, passei a fazer leituras de paisagens, e, penso eu, ter sido esse o motivo de eu gostar tanto de fotografar paisagens hoje em dia. Outra coisa típica minha, porém, mais estranha era escolher uma sujeira do parabrisas e, através de movimentos com minha cabeça, eu a desviava dos "obstáculos da pista". O mais comum era fazer zig-zaz com as faixas descontínuas pintadas no rolamento!

Também desenvolvi minha capacidade de observação..e dessa maneira, comecei a reparar como meu pai dirigia: q movimentos fazia, quais eram os sons, em quais momentos trocava a marcha...e fui pegando gosto pela coisa. Adorava fazer mil perguntas a meus pais, e eles respondiam sempre orgulhosos do meu interesse.

Mas, o que mais gravo em tudo isso, era a nossa chegada: sempre tão festejada! Primos abraçando uns aos outros, tios dando a bênção, a alegria estampada na feição de todos, e o sentimento que todo aquele sacrifício, já no primeiro momento: valeu à pena!

Agradeço a meus pais, tios e tias, por essas lembranças!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Faz tempo faz...

Faz tempo que tento achar plenitude no meu dia-a-dia
Tempo faz com que essa busca seja incansável e interminável

Faz tempo que vivo em conflito entre o coração e a razão
Tempo faz não haver um único vencedor

Faz tempo que almejo dissernimento para saber quando parar
Tempo faz minhas inquietudes aumentarem

Faz tempo que tento traduzir meus sentimentos
Tempo faz um terremoto que revira tudo a cada momento

Faz tempo que quero um amor tranquilo
Tempo faz reviver o que me leva a extremos

Faz tempo...que o tempo faz é brincar comigo..

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Perdão

Te peço, por favor atenda a esse pedido de alguém que ama
Desculpa-me a exigência, o pedido, a reclamação, o mal entendido

Releva minha chantagem, ignora minha franqueza
Não escute, não fale, não veja, o excesso da minha fraqueza

Abomina minhas inquietudes
Abafa minhas incertezas
Tolera minhas tristezas
Controla minhas atitudes


O meu grito sufocado
Por vezes escapa, impacta, me lava
Traduz meus sentimentos, meus argumentos; meus lamentos, os aumento
quando não posso jogar ao vento
despacho em forma de avalanche, avante, amante, só
me desfaço em pó

Sigo adiante
Na eternidade de um instante
Quando o coração dispara
Mas só com tua voz, cala

Então fala
pra essa mente sonhadora
Que teu coração perdoa

Ensina minh´alma a sossegar
Me fala, como aquela que diz:
"Te perdoo por me amar (Maria Betânia)"

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Rumos

Mãos
procuram a
Pele
que esconde
Caminhos
que despertam
Sentidos
que aguçam o
Instinto
que nos leva à
Loucura
até chegar ao
INFINITO.


Então...dorme no meu peito

segunda-feira, 16 de maio de 2011

pequenos GRANDES prazeres

Passamos a vida buscando grandes objetivos que, segundo nossas previsões, hão de nos dar segurança e conforto.

Até lá, batalhamos arduamente, abdicamos de certas coisas, damos tudo de nós.

'Não só de 'planos' vive o homem, mas de todo 'presente''..afinal, de quê vale pensar tanto à frente se não aproveitamos o agora? Não só a colheita há de ser saboreada, mas todo o processo do plantio que, embora cansativo, tem pequenos prazeres, sutilidades, que nos dão uma sensação agradável, incentivo e afago.


É sempre bom ter a sensibilidade de identificar esses pequenos agrados que nos rodeiam e nem sempre são vistos. Gosto de gostar, gosto de me apaixonar por pequenas coisas, e fico muito feliz sempre que descubro um novo prazer do meu dia-a-dia.

Ver sorrisos de crianças, e suas reações sempre criativas; tomar água com sede, o alívio de soltar o xixi preso, deitar quando se está com o corpo cansado, receber um elogio, observar a grandiosidade da natureza, dizer/escutar um sincero "eu te amo", ver o ninho de um passarinho no semáforo!

Alguns prazeres são mais pessoais..menos comuns, ou mesmo, despercebidos diante de outros. Afinal, depois de um dia calorento é tão, mas tão refrescante tomar uma ducha de água fresca que muitas vezes não percebemos a delícia de enxugar o corpo com uma toalha bastante absorvente e macia!!

Os prazeres existem o tempo todo..cabe a nós identificá-los e saboreá-los, tornando nossos dias ainda mais leves.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Brincadeiras de mão

Essas, lembro de cabeça:

"Tintin, Castelo
Mal assombrado
xixi de rato
por todo lado

A coitadinha
da princesinha
não aguentou
e desmaiou

Manchete, manchete
abriu, fechou, cruzou, sentou"

"Popai...
Popai...
Popai foi à feira
não tinha o que comprar
comprou uma cadeira para Olívia se sentar
Olívia se sentou, a cadeira escorregou
coitada da Olívia, foi parar no corredor. Dô-Dô"

"Borboletinha, amarelinha, fazendo chocolate para a vovozinha.
Poti, Poti, perna-de-pau, olho de vidro e nariz de pica-pau.
Subi no muro, escorreguei, cai sentada mas não chorei.
Papai de disse que era pecado, andar de braços com o namorado
Na sexta-feira, eu me casei
na quarta-feira me separei
Lá vem o padre, de bicicleta
Rasgou a cureca, eca-eca"

"Adoleta
Le peti, peti polá
Nescafé com chocolá
Adoleta
puxa o rabo do tatu
quem saiu foi tu
puxa o rabo da panela
quem saiu foi ela
Lá em cima do piano
tem um copo com veneno
quem bebeu morreu
o azar foi seu
rá, ré, ri, ró, RUA!"

"O trem maluco
quando sai de Pernambuco
vai fazendo vuvo-vuco
até chegar no Ceará
Rebola pai, mãe, filho
eu também sou da família
também quero rebolar.
Um pouco de coca-cola
Um pouco de guaraná
para refrescar.
Sete e sete são catorza
com mais sete, vinte e um
tenho sete namorados
mas não caso com nenhum
só me caso com aquele
que me der um jerimum
mum, mum"

"Parara, parats, parara parats, parara parats pararará. Perere..."

"Babalu
Babalu é Califórnia
Califórnia é babalu
eu só danço discote
discoteca é babalu
Estados, Unidos, balança o seu vestido
pra frente, pra trás, um dois, três"

"Lenga, la lenga, lagosta é lagoê
lagosta é ô, ô, lagosta é lagoê
lagosta é pa, pa, lagosta é lagoê
lagosta é nhê, nhê, lagosta é lagoê"

"VOU DIZER PRA TIA..
que o macaco deu bom dia
na casa da vizinha
comendo melancia"

"Somos quatro coleguinhas
eu com tu, tu com ela
Nós por cima, nós por baixo
Eu sem tu, tu sem ela
Nós por baixo, nós por cima"

Bons tempos!

Quando criança

Quando criança:
tinha medo dos jornalistas da tv, pois para onde eu me deslocasse, eles continuavam olhando;

preguei peças nos familiares fingindo que me machuquei, e levei bronca por não saber que poderiam não acreditar quando fosse de verdade;

peguei, algumas vezes, umas moedas destinadas a pagar estacionamentos no carro do meu pai, até tomar uma lição moral como um tapa de luvas: "querida, você não precisar pegar escondido, basta pedir";

fazia questão de lavar o carro e os cachorros, só pra tomar banho de mangueira;

achava que era louca, porque quando olhava para o sol, via pequenas manchas em formato de desenho ao olhar pros cantos;

desistia de brigar com minha mãe, pois não importava o quanto argumentasse, ela sempre ganhava;

sonhava que tinha um curto tempo para levar o q pudesse no supermercado de graça, mas nunca conseguia o que queria;

brincava de teatro, de exposições de coisas do mar, de concurso de talentos e vendia massagens para os tios e pais junto aos meus primos;

morria de medo do "circuito do terror", feito pelos mais velhos da família, que faziam túneis de colchão e se fantasiavam de seres estranhos com lâmpadas abaixo da cabeça;

brincava de "rouba bandeira", "primeiro de roda", "escravos de jó", "baleado", "cuzcuz porrada", "sete pecados", "adoleta" e diversas outras brincadeiras de mão;

no pique esconde, meu esconderijo favorito: telhado;

soprava a cara dos cachorros e depois corria para o pé de manga;

comia frutas no pé, e por isso, quase cai do jambeiro quando a galha na qual pisava se quebrou;

cantava a versão original de "Atirei o pau no gato"

Rodava peão, empinava pipa e caçava passarinhos e lagartixas com meu irmão;

dava "rabeada" de bicicleta;

visitava o antigo Aeroporto Castro Pinto, quando ainda existia nele um viveiro de peixes, e se andava de patins escondido dos guardas;

enganava, por vezes, minha mãe na hora de comer verdura, até que fui pega: joguei o alface pela janela e coloquei apenas uma pontinha na boca, para fingir mastigar na hora que ela aparecesse...o alface ficou pendurado no muro, e tive que comer o dobro da quantidade habitual;

tomava banho de chuva;

vivia com machucados...menina arteira;


quando criança...fui, realmente, criança. Sorte minha..

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Quem disse que a distância é sempre ruim?

Vinha numa trajetória , desde pirralha, em linha reta subindo a ladeira.

Lembro como ontem:

desde pequena, tive algumas características com as quais permaneço até hoje.

A mais forte e presente é o senso de justiça a ferro e fogo. Não que eu seja adepta do "olho por olho, dente por dente", acredito numa flexibilidade e diferenciação de caso para caso. Porém, sofro de uma necessidade de direitos iguais a todo custo, mesmo que isso venha a me consumir.
Outra? Ah..minhas manias metódicas! Com meu pai, apertada todos os parafusos soltos da prateleita da sua loja; com minha mãe, limpava o quintal milimetricamente (300m²!!!). Os fins de semana não fugiam à regra: após o almoço, me prontificava sempre para lavar as louças, tirando as sujeiras encarnadas das panelas que minhas tias não tinham paciência de tirar ao longo da semana. Com os amigos, limpava os vidrinhos de molho inglês e pimenta dos bares com palito e guardanapo.

"Xô neura"?! Que nada! Alguns podem achar doentio..eu vejo como gestos terapêuticos, que me fazem passar o tempo e alcançar o que chamo de "estágio de não pensar em nada", arejar a mente.

Voltando às minhas características...

O fato é que, minha maneira de ser me tornou bem diferente dos meus irmãos. Infelizmente, por mais que as mães se esforcem, sempre acabam errando, hora ou outra. Claro, ninguém é perfeito!

A questão é que minha mãe partilha das minhas manias de limpeza, porém, não comunga do meu senso de justiça por um grande motivo: é machista! Assim foi criada e dessa forma agiu por toda nossa criação. Meu pai também ajudou: não deixava meu irmão lavar uma louça sequer, para não correr o risco de virar "maricas".
Ora, além da homofobia implicada, parece que ele não tinha dimensão da falha como pessoa que isso poderia acarretar na formação do seu primogênito, ou mesmo, a quem isso afetaria indiretamente.


A linha reta que seguiu meus dias se traduz em brigas consecutivas reclamando meu direito de não limpar a casa só, poder levar meus amigos na sala e não ter blusas jogadas ou sapatos atirados. Revolta por só as moças terem que tomar conta da casa (é uma vergonha uma casa bagunçada com duas moças morando nela!) Nunca guardei revolta e sempre comprei brigas. Sujou? LIMPE! Bagunçou? Arrume, oras. Mas com isso peguei a fama de chatinha, de encrenqueira.


A gota d´água foi: mesmo morando fora de casa, meu irmão convencer minha mãe a criar um cachorro dentro do apartamento (coitado do cachorrinho..), onde ele se dizia o pai (por cobrir os gastos), mas não limpava suas "necessidades" nem perdia tempo educando-o. AMO animais, desde criança, mas acho que é preciso ter condições para criá-los. Não havia um canto da casa que não houvesse sido "batizado" por ele, e por isso, não tinha mais onde fazer o que mais gosto: deitar no chão geladinho. Não tinha mais coragem de levar meus amigos em casa, pelo incômodo que o cachorro sempre causava. Se voltasse ao meu discurso: mãe, a senhora age errado..continua agindo, como sempre....lá vinha a bronca: VOCÊ ESTÁ SE ACHANDO CRESCIDINHA, NÃO? QUERENDO ME DITAR O QUE DEVO FAZER?

Pois bem, resolvi respirar novos ares. Vim morar com meu pai. Apesar do peso de passar o dia só, não recebo reclamações. Organizo meu tempo, dou conta dos trabalhos, da roupa, da comida, da casa.. Deixei de ser a mal humorada.
Minha mãe agora me liga, com saudades. Não brigamos. Quem disse que a distância é sempre ruim?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

12 olhos

Vendo aquela imagem, me perguntava o que eles faziam olhando pra mim. Afinal, o que diziam? Olhares risonhos que traziam significados ocultos, como se já me despertassem opiniões concretas e abstratas, conhecidas e desconhecidas dentro do meu universo milimetricamente desorganizado dos pensamentos.

O mais destacado, tinha mesmo pinta de chamar mais atenção. Não era o mais velho, mas atuava como macho alfa. A seu lado, uma pequena grande notável se erguia, com um verde que destoava de todos os demais. Aquela que me olhava de lado, tinha um quê traquino, um "eu" visto por mim, transfigurado em linhas menores. Ao lado dela, um sorriso meio forçado me encarava como que sabendo tudo que me passava à cabeça. Ao centro, a personificação da satisfação e maturidade, um olhar que transmite a sensação de um porto seguro.


Não estão longe, nem perto. Não são estáticos, mas vivos. Me acompanham nos trabalhos e me incentivam nos momentos de cansaço. É mais que um porta retrato, um porta família.

Luz

Luminária
Ilumina
a mina, áurea
a área imaginária
minh´alma
acalma

terça-feira, 8 de março de 2011

Verde que te quero ver

Não precisa ser podado
nem faz falta ter gramado
é mato, verde natural
tão simples; bem conservado

Na mistura do amarelo
do sol forte nordestino
com o azul do horizonte
entre o céu e o véu marinho
Nasce o verde pessoense
confortante como um ninho.

Longe das cinzas ervas daninhas
em concreto, gigantes notáveis
Onde simples casas permanecem
de moradores gentis, amáveis
sobrevivem árvores frondosas
sombra boa e ar puro louváveis.

Minha João Pessoa é arretada de boa
lugar bonito e (ainda) tranquilo de morar
não falo como só quem defende a toca
Mas com a voz de quem aprendeu, a ela, amar.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Lar, doce de lar

Chego em casa, um tanto cansada, e me ponho a olhar a caixa de e-mails. É um ato de rotina, mas a alegria de receber um texto gigante de uma pessoa a quem estimo demais me fez despertar mais que batida de café, coca-cola e guaraná.

Após o envio da resposta (escrita rápida e expontaneamente) ainda mantinha a euforia que se apossara do meu coração. Sento então diante de um cenário que me é tão comum mas nem sempre analisado:

à frente, a boa e velha tela do computador, amiga de todas as horas, que comigo enfrentou tempestades com rumos e intensidades diversos. Em segundo plano, os típicos "cacarecos" que costumam ficar na mesa, ponto de apoio dos que chegam da rua: agenda, celulares, bolsas..

O cenário de fundo é uma mescla de tribos: no sofá, colchas brancas de artesanato paraibano com almofadas de cobre e pontinhos brilhantes, mais parecendo indianas.
A tv de não sei quantas polegadas faz um contraponto com o som 3 em 1 (toca cd, toca fita e toca vinil), logo abaixo de uma imitação barata de lampião comprado no Casa Tudo.

Ainda na estante, um sincretismo total: uma réplica de A Pietá ao lado de imagens de santos e crucifixos diversos, que por sua vez, dividem espaço com uma pirâmide e um faraó egipcios. O relógio de Tutancamon é cercado por um presépio natalino, uma negra africana e outras miniaturas que sequer sei o significado. Completam ainda o cenário uma tartaruga e corujas (paixão da minha mãe).

Nas paredes, estudos plásticos da minha mãe, de formas, cores e volumes..um deles, três retângulos verticais dispostos lado a lado com um jogo de negativo e positivo baseado em formas curvas e retilíneas, variando em tons de branco e marrom. O outro, montagem de caixas em tamanhos e alturas diversas pintadas em cor prata, formando um jogo de reentrâncias e saliências que se traduzem em luz e sombra..

Ao lado..um abajur (que nunca funcionou como tal) feito pela minha mãe..trata-se de uma figura masculina de traços orientais, porém, pelos crespos...suas saídas de luz ocorrem por todos os orifícios: cabeça, olhos semi-fechados, ouvidos e boca.

Por fim, à minha direita, a estante que guarda fotos da família...a própria estante já conta muito de nossa história, pois foi por nós reformada durante a mudança de Bayeux, minha antiga cidade, para João Pessoa. Reflete o trabalho conjunto que tivemos nessa época..me faz lembrar da posição que ocupada na antiga casa, dando passagem para a despensa, onde eu subia as prateleiras escondida para encher a boca de cobertura de sorvete sabor chocolate!

Minha casa é o retrato de muitos retratos. Somos caras novas a cada dia, e todo novo encantamento é bem vindo para compor o cenário diário de nossas lembranças nem sempre tão nítidas.

É bom estar em casa!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Rondonista

Parece que o Rondon se molda de diferentes formas nas vidas dos que dele participam. Cada um possui um contexto, objetivos e expectativas quanto às atividades realizadas ao longo destes 15 dias.

Ser eleita para o projeto 2011 não estava entre meus planos, sobretudo considerando que me inscrevi a pedidos de uma colega que buscava companhia para a empreitada, mas acabou não sendo chamada.

Muitos outros fatores me levaram ao desânimo na prévia da viagem..problemas de natureza amorosa, familiar, .. sobrecarga de trabalhos e estudos, com o estopim de uma tendinite nos dois braços.

Pensei: "essa viagem não poderia ter vindo em pior hora.."

Engano meu, pois ao contrário de todos os meus prognósticos negativos, a viagem se abriu a mim como uma flor à primavera, regada com muita alegria e um nível satisfatório de conhecimentos trocados.

Amizades..nem sempre são duradouras. Mas a mim bastou a felicidade dos momentos vividos e a certeza de que ter estas pessoas ao meu lado foi um indubitável privilégio.

Nem tudo foram flores e, certamente, pedras marcaram o caminho, mas essa realidade foi ofuscada a cada olhar de satisfação, aperto de mão de gratidão e, principalmente, a cada sorriso das crianças que pelas ruas gritavam sempre ao passar: TIA!

Antes de tudo, inesquecível.

Mais que palavras

Falar de dentro, ameno
de certezas, alegrias ou tristezas
Com os olhos, boca, braços e abraços

Falar de lado, bater de frente
Soltar o que por dentro consome a gente

Transmitir energias desordenadas
transformá-las e traduzí-las
para que o abstrato que nos corre da veia à mente
se traduza concretamente

mesmo que em palavras vagas
a outros, aparentemente desconexas
que só diante de si mesmo
terá a dimensão correta.

Desafio do Silêncio

Desafio o que foge ao meu comum
Busco maneiras de quebrar a rotina
para liberar emoções sob novas formas.

Exploro assim outros sentimentos e visões
possibilitando que minha realidade mutante
faça uso de canais diversificados
para ser externada ao meu consciente

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Conquistar o mundo

Meu jardim ainda não floriu
Mas já sinto as brisas promissoras
"Después de la tormenta siempre viene la calma"
é fato que muitas águas hão de rolar, mas a angústia que outrora me consumia, agora ficou pra trás

Tenho 23 anos..isso é tão relativo!
Em alguns momentos me sinto uma pirralha despreparada
Em outros..uma senhora cuja idade se revelou não por rugas ou velas de aniversário, mas pelas tristezas

Sou feliz, é fato!
Mas perder o chão nos faz achar que não.

A desilusão pode nos enclausurar por um tempo
Mas superá-la nos dá força em dobro para aproveitar a vida!!

Que venham os desafios
que nasçam novos sonhos
só me digo uma coisa:
VOU CONQUISTAR O MUNDO!!!!!