sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Paisagens, Pensamentos e Passatempo

Se alguém te pede para, em uma imagem, associar CAOS e ÔNIBUS, o que te vem à mente? Para a maioria das pessoas, creio que seja um cenário de volta do trabalho, às 18h da noite, um trânsito infernal e a frustrante missão de chegar em casa de “busão”, dada a falta de um carro. Será mesmo que o ônibus representa esse caos, ou, pelo contrário, nos ajuda a fugir dele?
A vida é muito corrida (ou nós a fazemos ser?). Ok, pensemos que somos produtos de um meio, e muitas vezes refletimos seus valores e nos adaptamos às suas “necessidades”. Assim, preenchemos nossa rotina: trabalhamos, estudamos, organizamos, nos cuidamos, fazemos "uma social" .E o que fazemos no meio tempo que conecta essas diferentes atividades? Nos deslocamos!
Nem sempre destino e origem são os únicos palcos de momentos produtivos na nossa vida. A transição, por si própria, já é muito simbólica. Ao passar de um lugar a outro, nossa mente processa a mudança, e então nos desconecta dos temas relacionados ao ambiente de origem para nos sintonizar com o local de destino. É a hora que nos damos um descanso, o momento no qual refletimos, relaxamos e/ou planejamos.
Mesmo que o ato de dirigir seja, para muitos, prazeroso, duvido que algum motorista tenha mais oportunidade de apreciar os trajetos, com toda sua riqueza de elementos, do que um passageiro. O trânsito requer muita atenção: buracos, sinais, placas, faixas, buzinas, faróis, leis, previstos e imprevistos. Se exigimos tanto dos nossos sentidos, como percebemos a delícia do vento batendo no rosto ou contemplamos a céu de um fim de tarde?
Ônibus tem gosto de..o riso gostoso de um bebê, o cheiro das árvores de uma grande avenida; um tal de... carícias românticas de um casal adolescentes, a evolução de um prédio sendo construído; quem sabe... histórias mirabolantes do velhinho com o cobrador, as mais diferentes pessoas que se agrupam nos pontos de parada.
São paisagens e pensamentos, passatempos produtivos. São, mais que tudo, uma forma de nos conhecermos, de “viajarmos”, de quebrarmos o gelo e vermos em pequenas ações grandes oportunidades. É se permitir ler a vida escrita com “grãos de palavras”: "E descobri que a forma como eu a vejo tem ligação com o meu simples olhar”

Um comentário:

  1. puxa... andei pensando nisso nesses últimos tempos, por ter passado por alguns momentos complicados... na verdade sempre pensei que não ter a obrigação de dirigir me dava estas oportunidades que considero grandiosas... o fim do dia fica terapêutico... sempre precisei andar por longas estradas pra trabalhar, e sempre considerei um presente... pois sempre fui de ônibus...
    ninguém nunca entende esta maneira de pensar... daí encontrei seu texto...
    boa noite companheira...

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